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EDITORIAL – NOVEMBRO

24 out

Amar a sabedoria é refletir acerca de tudo. Amar a sabedoria é sinônimo de não trair nossa capacidade de pensar com critérios. Pensar com critérios é não se deixar enganar. É denunciar quando preciso, e aplaudir também. Não se conformar com a mentira e exaltar a verdade.

Amar a sabedoria é filosofar, pois a Filosofia é o amor pela sabedoria. É, ainda, se re-conhecer como não sábio(a) e por isso necessitado(a) de buscar a explicação, o conhecimento, a sabedoria. Em suma, amar a sabedoria é um eterno convite a buscá-la.

Por isso, este mês o Simposion nos convida a fazer uso de nossa bagagem filosófica (natural ou aperfeiçoada) para contemplar alguns sinais do nosso tempo, buscar algum entendimento, tentar alguma resposta.

Muitos são os problemas que nos cercam. Dentre estes, vamos abordar a questão dos meios de comunicação social, sua contribuição na banalização e difusão da violência.

Trataremos também sobre a globalização econômica, a proliferação da cultura de consumo e a coisificação dos homens. Quem são os donos do mercado global e qual a diferença entre necessidade e desejo?

Por fim, Maria Aparecida nos apresenta, em rápidas palavras, uma das linhas de se fazer e praticar Filosofia, a Integral, que ajuda a aproximar “o homem de sua natureza humana, de sua essência”. E ao encontrar a essência, encontrar a Deus.

Esperamos que você goste, se interesse e divulgue. Nossa grande intenção é colaborar para a mudança de nossa sociedade. Espalhar a cultura do belo, do harmonioso, vislumbrando um futuro mais humano. Boa leitura.

A GRANDE MÍDIA NA BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA

24 out

O ato violento não se limita a quem o sofre; estende-se e afeta quem o pratica e quem lhe vê os resultados: Espalha-se como uma mancha de óleo.

O jornalista é por um lado, um agente de informação, mas é, também, um agente de formação da opinião pública. É nestas duas perspectivas que o jornalista deve olhar a insegurança enquanto notícia: por um lado, cabe-lhe a obrigação de informar, mas, também, o resultado dessa ação pode induzir mais insegurança no público informado.

O jornalista em geral e o responsável pelo órgão de informação em particular têm de ter uma clara noção do equilíbrio da notícia geradora de insegurança: eles, não podendo, nem devendo, transformar o mundo num paraíso, não devem dar à vida em sociedade uma imagem que sirva para instabilizar os cidadãos. Qualquer das duas atitudes, em regra, só beneficiam poderes totalitários e não poderes democráticos. A democracia exige o conhecimento dos acontecimentos, mas não deve tolerar a sua exploração para além do que é necessário.

A desnecessidade verifica-se quando a notícia entra pela descrição macabra, assustadora, instabilizante; quando os pormenores são explorados com morbidez; quando o número de ocorrências semelhantes é explorado só para criar a idéia de grandeza excessiva.

A violência gera violência, não só como resposta direta, mas, e principalmente, como habituação.

Hoje em dia a informação propaga-se à velocidade da luz e, por conseguinte, as notícias sobre a violência atingem todas as pessoas de maneira mais ou menos  idêntica; ninguém fica ileso. A violência é transmitida pelo rádio, pela televisão, pela internet, pelo cinema; chega-nos também pela imprensa escrita – jornais, revistas – e pela literatura de ficção.

Mas de que formas de violência estamos a falar? De guerras? De assaltos? De violações? De roubos?  De todas e de nenhuma em especial, porque a violência é tudo o que não sendo catástrofe natural devia impressionar o cidadão comum, gerando-lhe uma sensação de medo ou de insegurança.

Em conseqüência desta envolvência constante com atos violentos operou-se no nosso psiquismo uma quase aparente apatia permanente perante a violência. A maioria de nós é capaz de estar a ver no telejornal as notícias sobre um acidente rodoviário, onde surgem imagens de pessoas mortas e feridas (imagens que sendo de grande dor são, também, de grande violência) e, no entanto, continuar a comer o jantar sem qualquer incômodo. Claro que a conseqüência imediata desta situação leva a que se

passe pelo mesmo acidente na estrada e se seja simplesmente motivado a parar ou abrandar a marcha pelo prazer mórbido de ser voyeur.

A convivência constante com a violência, que nos entra pela casa adentro, pelos olhos e pelos ouvidos,torna-nos indiferentes, apáticos, distantes à própria violência, mas, pior do que isso, torna-nos coniventes com a violência, porque as vítimas reais começam a ser para nós meros bonecos televisivos ou cinematográficos. A violência que nos envolve acaba por nos tornar profundamente egoístas perante a dor alheia ao ponto de só sermos sensíveis à violência que nos afeta diretamente.

E esta indiferença não nos é imposta por acaso, nem por causa do “furo” jornalístico; esta indiferença faz parte de um conjunto mais vasto que se inscreve na ideologia que impõe obediência às leis do mercado. O adormecimento da sensibilidade leva-nos ao adormecimento dos valores morais e éticos e esta apatia facilita a aceitação de idéias, hábitos e costumes que deixamos de “filtrar” e que nos passam a ser impostos pela mesma via que a violência nos adormece.

Realmente, pode-se afirmar que a convivência “pacífica” com a violência resulta de determinantes de natureza política, econômica e social.

Do ponto de vista político parece haver uma tendência global para a gestação e manutenção de uma apatia e conivência perante a violência, tornando-nos instrumentos passivos dela mesma. Uma tal passividade supõe a aceitação pela opinião pública das violências “convenientes” exercidas, no plano internacional, por alguns países com projeção global [USA], quando e onde acharem oportuno [guerra do Iraque].

No plano econômico, a passividade da opinião pública serve à domesticação das vontades individuais, tornando-nos agentes manobráveis dos imperativos do mercado, fato que nos leva a aderir à moda ou aceitar revoltar-nos perante o que é politicamente conveniente que provoque revolta (revoltando-nos até contra a “má” violência!).

Contudo, o cúmulo é atingido na perspectiva social, porque a aceitação passiva da violência gera a apatia perante as diferenças sociais mais gritantes, quer a nível nacional quer a nível global. É assim que se aceita com grande tranqüilidade de consciência que uma parte da humanidade morra todos os dias por falta de alimentos, como resultado do frio ou do calor, por não ter habitação, por falta de condições higiênicas, por não ter assistência médica nem medicamentos para se tratar.

Em resumo, a divulgação maciça da violência não a limita mas, pelo contrario, serve de anestesia perante a mesma violência, ao mesmo tempo em que como conseqüência, amplia a impunidade da mesma nas suas mais variadas e distintas formas.

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Texto extraido e organizado do livro de: FRAGA, Luis Alves de. Reflexões sobre o mundo actual: problemas sociais contemporâneos. Porto: Campo das letras, 2001.

(As notas entre colchetes são de nossa autoria)

MERCADO GLOBAL, HOMEM MERCADORIA

24 out

Se o mundo constitui-se, hoje, em um grande mercado global, onde as relações comerciais ditam as tendências e relacionamentos entre os continentes, podemos dizer que os homens se transformaram em mercadoria.

Com a economia globalizada, a tendência comercial é a formação de blocos econômicos. Estes são criados com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros. Adotam redução ou isenção de impostos ou de tarifas alfandegárias e buscam soluções em comum para problemas comerciais, balizando assim, a economia e a sociedade.

Logicamente que para fomentar todo este comércio são necessários os compradores, ou melhor, consumidores. Desta forma, quando os países e continentes se reúnem através de seus lideres ou representantes para se organizarem em blocos econômicos (NAFTA, União Européia, Tigres asiáticos, Mercosul, entre outros) são para traçar as metas de compra e venda globais. Neste momento, eles estão com os olhos voltados para os consumidores.

Os consumidores são o sonho de consumo do sistema capitalista de produção. Pois sem estes todo o sistema capitalista naufragaria. Na verdade, nós, simples consumidores mortais, somos uma mercadoria, uma coisa, a qual os donos do mercado – diga-se, os grandes Bancos e Corporações – batalham entre si, tapa a tapa, para nos conquistar, nos influenciar, nos hipnotizar, e por fim, nos consumir.

Podemos dizer que o consumista compulsivo na verdade não consome, ele é consumido pelos donos do mercado.

Quem são os consumistas? [Talvez, hoje em dia, poucos não sejam.] Falamos daqueles sujeitos que têm o hábito de comprar produtos e/ou serviços sem necessidade e consciência. Do comprador compulsivo, descontrolado e que se deixa influenciar pelo marketing das empresas que comercializam tais produtos e serviços.

Este tipo de consumo diferencia-se em grande escala do comprador dito comum, pois este compra produtos e serviços necessários para sua vida enquanto o consumista compra muito além daquilo de que precisa.

O consumismo tem origens emocionais, sociais, financeiras e psicológicas onde juntas levam as pessoas a gastarem o que podem e o que não podem com a necessidade de suprir à indiferença social, a falta de recursos financeiros, a baixa auto-estima, a perturbação emocional e outros. Um consumista crônico nunca se satisfaz comprando, vazio de valores e amor próprio, o consumo o satisfaz apenas no ápice da compra, e nunca em plenitude.

Uma pessoa pode ser considerada consumista quando dá preferência ao shopping a qualquer outro tipo de passeio, faz compras até que todo o limite de crédito que possui exceda, deixa de usar objetos comprados há algum tempo, não consegue sair do shopping sem comprar algo, se sente mal quando alguém usa um objeto mais moderno que o seu etc.

Pessoas que não tendo dinheiro para gastar e, mesmo assim, preferem passear no shopping, a optar por outro tipo de diversão, também são consideradas consumistas, pois se tivessem recursos iriam utilizá-lo para a compra compulsiva.

Todas essas características fazem do consumista parte do capitalismo e da sociedade moderna rotulada como “a sociedade de consumo”.

Na sociedade de consumo, o homem se tornou coisa, mercadoria a ser consumida pelo mercado, pois ele alimenta todo o sistema. Com isso, vemos que os grandes Bancos e Corporações estão cada dia mais ricos, enchendo os bolsos de dinheiro, alimentando-se dos consumidores que consomem seus produtos e serviços.

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http://www.consumismoatual.blogspot.com/

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Por: Cláudio Gomes

Fonte de pesquisa: brasilescola.com, googlesearch, fórum yahoo

 

FILOSOFIA: UMA VISÃO MAIS INTEGRAL DO MUNDO

24 out

Ao tratarmos de Filosofia estamos tratando de conteúdos que só se esgotam no ser humano. E o ser humano é inesgotável. Ao contrário de toda Ciência, que impõe respeito, a Filosofia levanta suspeita, ela não permite juízos prévios.

Desde a Antiguidade, o ensino de Filosofia existe sob diversas formas e apesar de falar a linguagem do mundo, ela é acessível apenas aos que buscam as “verdades mais verdadeiras”. Sendo de fácil compreensão, a Filosofia abre-nos um campo infinito: o do pensamento dos homens e de tudo que existe no universo.

Para os leigos poderíamos dizer em palavras simples que os Filósofos falam em palavras complicadas o que poderiam falar de modo simples. Eles nos ajudam a entender melhor o mundo e a nós mesmos.

Filosofar é viver, e o uso de palavras complicadas se deve ao fato de que um Filósofo deve se aproximar o máximo da Verdade. E ele só pode fazê-lo através das palavras.

Mas a Filosofia não teria sentido se não participasse de nossa vida diária. E assim apresentamos uma Filosofia que pode nos auxiliar na compreensão de nós mesmos e da vida no planeta: a Filosofia Integral, que hoje nos traz uma visão de homem mais humano, mais voltado para seu auto- conhecimento e mais preocupado com o futuro do planeta.

O homem saiu das cavernas, passou pelas imagens, desbravou terrenos férteis e hoje finca sua morada em computadores que ligam o Oriente ao Ocidente. Evoluiu. A  Filosofia também. Assim, hoje podemos usufruir da Filosofia Clínica, que trata de angústias profundas, de problemas de ordem existencial de uma maneira natural, com técnicas que apenas aproximam “o homem de sua natureza humana, de sua essência”.

E ao encontrar a essência, encontramos Deus. Aí está o verdadeiro significado da Filosofia: um encontro consigo mesmo para vislumbrar o mais Divino e Humano em nós e na Natureza, ou em linguagem filosófica: “Um Eu, um Tu e um Nós”.

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Por Maria Aparecida Dionísio. Psicopedagoga.

Especializando-se em Filosofia Clínica,  pesquisadora da Psicologia Integral.

A EDUCAÇÃO COMO MEIO DE CHEGAR AO CONHECIMENTO DE SI

17 out

 A Educação como meio de chegar ao conhecimento de si
“Conhece-te a ti mesmo” (Sócrates 469-399 a. C.)

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Segundo Sócrates, “o homem é a sua alma, entendendo-se ‘alma’, aqui, como a sede da razão, o nosso eu consciente, que inclui a consciência intelectual e a consciência moral, e que, portanto, distingue o ser humano de todos os outros seres da natureza.” (COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia.)
“Conhece-te a ti mesmo” é a frase que se encontra no templo de Delfos, assumida por Sócrates como objetivo da educação. Ela nos intriga porque vai aos mais recônditos lugares da nossa razão, querendo mostrar a nossa existência. Ela convida a direcionar o objetivo da Educação para o nosso interior.
Sócrates inaugura, até então, um novo pensamento acerca do homem, postulando que ele é a alma “personalidade intelectual e moral”; por isso cuidar de si, significa cuidar da alma. Nos dias atuais percebemos um profundo afastamento deste ideal, vivemos como se não tivéssemos alma, como se não fossemos pessoas. Estamos embriagados pelo consumismo e materialismo que nos dilui na sociedade como objetos.
Constatamos, portanto, que a maioria dos homens deixaram de pensar sobre sua realidade e sobre si mesmo.
Refletir tornou-se caretice!
É necessário despertar desse sono profundo e direcionar a educação para o conhecimento de nós, de nossa existência, para podermos falar como Pascal: “quando conheço a mim mesmo, conheço os outros”, superando assim a crise da alteridade (crise do relacionamento com os outros).
Precisamos, portanto, saber de fato qual é nosso papel na sociedade e deixar de usar as máscaras do cientificismo, materialismo e consumismo que escondem nossos principais e verdadeiros anseios, que nos caracterizam como homem, ser pensante.
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Por Tiago dos Santos Barbosa
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Nascido em Atenas, Sócrates (469-399 a. C.) é tradicionalmente considerado um marco divisório da História da Filosofia grega. Por isso, os filósofos que o antecederam são chamados de pré-socráticos e os que o sucederam, de pós-socráticos. O próprio Sócrates, porém, não deixou nada escrito, e o que se sabe dele e de seu pensamento vem dos textos de seus discípulos e de seus adversários.(COTRIM, Gilberto)

 

PREGUIÇA E INÉRCIA

17 out

 “O que é, pois, que nos faz preguiçosos e inertes? Nenhum de nós pensa que, a qualquer momento, deverá sair desse domicílio. Assim, o apego ao lugar e o hábito mantêm os velhos inquilinos, mesmo com todas as incomodações”. (Sêneca)

Você se considera uma pessoa acomodada? Você está atento às questões que movimentam nossas vidas, como: globalização, política, ciência, educação, família e religião? Ou está atento apenas ao futebol dominical, à novela semanal e ao baile noturno? Não que estas coisas sejam necessariamente ruins, mas se só nos interessamos por elas, certamente vivemos inertes e acomodados.
Certamente ficamos indignados, quando algum escândalo financeiro estoura ou quando acontece algum crime horrível de forte repercussão pública. Mas, o que fazer para tentar mudar este quadro?
É preciso deixar o futebol, a novela e o baile de lado um pouco e prestar atenção para o que realmente interessa, o que movimenta nossas vidas. Ou você pensa que nossas vidas não são movimentadas? Elas são e devem continuar sendo. A questão aqui é como ela está sendo movimentada, se de forma boa ou ruim, e se podemos melhorá-la. Para alcançarmos alguma mudança, devemos começar por nós mesmos, eu e você. É preciso raciocinar acerca da vida. Isso começa sobre o nosso “EU”. Sobre o “quem é você” para você. Sobre “o quem eu sou”. A partir desse descobrimento que é somente seu e meu, poderemos tentar fazer algo pela manutenção da família, do lazer, do trabalho e da religião.
Raciocinar é preciso. Se almejamos melhorias em nossas vidas. Raciocinar aqui é sair da inércia intelectual e começar a indagar o porquê das coisas. É questionar o porquê da fome do mundo; o porquê da corrupção; o porquê do tráfico e consumo de drogas no bairro; o porquê das fobias e depressões.
Este período eleitoral se mostra propício para sairmos do aconchego das acomodações. Eu e você somos responsáveis pelos atuais políticos que estão no poder e pelos que vão governar futuramente.
Contudo, esta missão de todos nós não é fácil. Não é algo que acontecerá ao término desse texto ou da noite para o dia. Esta tarefa é fruto de reflexão, de aprimoramento de vida e conduta e, acima de tudo, de vontade.
Reclamamos que os políticos de hoje e de ontem são corruptos. Não nos esqueçamos, também, que o político de amanhã pode ser eu ou você ou ainda nossos filhos. Será que vamos ser diferentes dos de hoje?
Se não tentarmos com todas as nossas forças viver uma nova mentalidade, aquela ensinada pelos livros sacros e os exemplos de santos e sábios (de todos os tempos e lugares), que foram pautados na ética, na justiça e no amor, continuaremos acomodados nesse domicílio.
Temos duas opções: ou nos damos conta de que a família, a escola, o bairro, o trabalho, a religião, a política somos nós que fazemos, e por isso somos responsáveis quando eles não vão bem; ou deixamos tudo como está, a mercê de dias que certamente podem não ser melhores que os de hoje. Depende só de nós.

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Por Marcos Tostes

QUEM É O HOMEM?

17 out

 QUEM É O HOMEM?

“Que quimera é, então, o homem? Que novidade, que monstro, que caos, que motivo de contradição, que prodígio! Juiz de todas as coisas, (…) glória e escória do universo.”

(Pascal)

Na escala dos seres o homem se encontra no ápice, e isso é facilmente constatável. Uma pedra existe. Uma planta existe e vive. O homem existe, vive e tem consciência disso. Essa consciência de si é revelada pela racionalidade humana, que o diferencia dos demais animais que são ditos irracionais.
A racionalidade humana move sua inteligência e, por meio desta, o homem é capaz de fazer coisas: ora magníficas, ora assustadoras. As mesmas mãos que manipulam elementos químicos em favor da medicina, também os manipulam para a construção de armas biológicas e nucleares. Retirando as exceções, o homem vive uma dualidade de ação que oscila historicamente entre o bem e o mau.
Contudo, não pensemos que as atitudes boas ou más que o homem pratica devem ser registradas apenas entre as que são ditas grandiosas. Talvez não nos damos conta de nossos feitos cotidianos, aqueles do dia-a-dia, aos quais, de fato, deveríamos voltar nossos olhos com mais atenção, pois são eles que moldarão o nosso caráter e determinarão, por fim, nossas grandes ações: boas ou más.
(Cláudio Gomes)

 

VALE A PENA SER JUSTO?

16 out
EM UMA SOCIEDADE INJUSTA, VALE A PENA SER JUSTO.
 
 
Hoje em dia, onde a injustiça se mostra de forma latente, será que Platão estaria correto ao afirmar que: “é mais nobre ser injustiçado do que cometer uma injustiça”?
 

Numa época (para uns pós-moderna, para outros super-moderna e para outros, ainda, anti-moderna) em que assistimos e sentimos a chamada crise da moral – devido aos atos corruptos que emanam seja dos setores superiores (políticos, jurídicos, eclesiásticos), seja das pequenas organizações sociais (ONGs, cooperativas, entidades filantrópicas) – indaga-se se vale a pena ser honesto. Para Platão, a justiça garante a ordem, porquanto ela, juntamente com o respeito recíproco, é a base da política, através da qual tornou-se possível aos seres humanos reunir-se em cidades. No limite, decorre da justiça à convenção e a amizade. Ser justo, portanto, é ter uma conduta que se ajuste a essa ordem. A afirmação de Platão de que antes ser injustiçado do que cometer injustiça deve ser aplicada no sentido de uma resistência não-violenta, que não significa passividade mórbida ou submissão covarde, mas sim atitude alternativa de contestação justa sem recorrer à guerra. A justiça deve ser a condição que possibilite a convivência dos seres humanos que desenvolvem suas atividades. Mas ela não se basta a si mesma. Daí que devemos acrescentar a solidariedade, outro instrumento eficaz que expele os ódios e as lutas dos grupos humanos, e pode aliviar a tensão entre os setores do topo da pirâmide social e os membros da base.

frei Ailton Antunes, OSST
 
 
Nascido em Atenas, Platão (427-347 a.C.) pertencia a uma nobre família. Foi discípulo de Sócrates, a quem considerava “o mais sábio e o mais justo dos homens”. A maior parte do pensamento platônico nos foi transmitida por intermédio da fala de Sócrates, nos Diálogos socráticos, escritos por ele mesmo, Platão. Um dos aspectos mais importantes da filosofia de Platão é sua teoria das idéias, com a qual procura explicar como se desenvolve o conhecimento humano. Segundo ele, o processo de conhecimento se desenvolve por meio da passagem progressiva do mundo das sombras e aparências para o mundo das idéias e essências.

Fonte: GILBERTO CONTRIM. Fundamentos da filosofia.